Todos os dias Pedro entrava no bar, pedia uma água com gás, sentava-se a um canto e ficava olhando a moça do caixa. Gostava do jeito cheio de seu sorriso, daquela maneira de olhar de lado, mas não ousava sonhar.
As vezes, até acreditava que ela o olhava de maneira diferente, porém deixava sempre para o dia seguinte sua tentativa de falar com a moça.
Um dia, depois de muito treinar, entrou no bar e foi direto ao caixa para falar com ela. Em seu lugar havia outra pessoa. Perguntou por ela e foi informado que não mais trabalhava por ali.
Saiu. Infeliz e desorientado se perguntando por que demorara tanto pra tomar uma atitude. Passou o resto da vida assim, vivendo todo dia aquela história inacabada.
-.-.-.-.-.-.-.-
Conseguira aquele trabalho temporário como caixa no Bar. Não gostava de lá. Já estava para pedir demissão quando ele começou a freqüentar o bar. Todos os dias se sentava à mesa ao fundo, tomando uma água com gás, absorto em seus pensamentos. Gostou de imediato do rapaz, e ficava todos os dias esperando aqueles momentos em que ele passava e pagava a água. Sorria de uma maneira tímida e gentil, e ela se perguntava se ele teria alguma namorada. Pensava em abordá-lo, mas ele se mostrava tão distante que nunca conseguiu falar nada. Um dia, cansada do bar, recebeu uma proposta para outro trabalho. Pensou em falar para o rapaz, mas ele não lhe demonstrou atenção. Deixou para lá. E por toda sua vida, de vez em quando, seu pensamento voltava para aquele rapaz sozinho no bar. Nunca se casou.
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
Conheceu a garota na escola. Conversavam e sabia que havia algo entre eles. Mas ela era popular, e havia sempre alguém a acompanhá-la. Mesmo assim, um dia a convidou para sair. Surpreso, ela aceitou. O encontro foi agradável. Combinaram um novo encontro. Foi mais seguro desta vez. Foram dançar. Percebera que estava apaixonado. Quis marcar para sairem novamente no dia seguinte, mas ela tinha um compromisso. Saiu sozinho. Ao voltar, passou em frente a casa da garota e a viu descendo de um carro. Prestou atenção ao motorista e não gostou do que viu - um cara mais velho, bem apessoado. Ficou com ciúmes e nunca mais procurou a garota. Já na velhice, encontrou a em uma exposição. Conversaram rapidamente, meio sem graça um com o outro. Ela estava acompanhada, pelo mesmo motorista do carro. Foi apresentado. Era seu irmão mais velho. Ela nunca se casara. Nem ele. Percebeu seu erro muito tarde.
Espalhei por aí essencias do meu ser... de tempos em tempos passo a recolher, ou somente para ver, se há frutos para a fome saciar...
27/04/2018
10/04/2018
Fujão
Fugiu!
Teve medo. Não agüentou o brinquedo!
Não se sentiu competente!
Foi embora para outras praias, catar outras conchas, e talvez,
Devolvê-las também ao mar!
Não sabia como se portar!
Ou talvez soubesse,
Não sabia que seu momento tinha chegado
Fugiu!
Escafedeu-se!
Encolheu-se como caramujo
Pintou-se de marujo
Tomou outro barco
Em outros horizontes a navegar
E lá se foi
Vela arriada
Cabeça abaixada
Rastejando
Crendo-se esperto
Pondo-se em mar aberto
A terra lhe dava maresia
Preferia outra calmaria
Não importando que aquele era o dia
De se ver iluminado.
Fugiu e caiu direto na goela de Pantagruel!
Teve medo. Não agüentou o brinquedo!
Não se sentiu competente!
Foi embora para outras praias, catar outras conchas, e talvez,
Devolvê-las também ao mar!
Não sabia como se portar!
Ou talvez soubesse,
Não sabia que seu momento tinha chegado
Fugiu!
Escafedeu-se!
Encolheu-se como caramujo
Pintou-se de marujo
Tomou outro barco
Em outros horizontes a navegar
E lá se foi
Vela arriada
Cabeça abaixada
Rastejando
Crendo-se esperto
Pondo-se em mar aberto
A terra lhe dava maresia
Preferia outra calmaria
Não importando que aquele era o dia
De se ver iluminado.
Fugiu e caiu direto na goela de Pantagruel!
Manhãs de Sábado
Quando o sol brilha nas manhãs de sábado, um não sei quê de falta, de ausência, de saudade tão forte bate no peito a adormecer. Um não sei quê de carros e queijos, de cafés tão fortes, de portões e beijos, de lembranças que não vão embora.
Quando o sol brilha nas manhãs de sábado, em tempos de bem-te-vi, de raios que entram pela janela, agora tão baixa, não mais nas alturas, não mais na serra, mas na mesma distância, sem a constância, sem quilômetros rodados, sem o brilho nas torres do castelo, vem uma saudade que se sabe, será eterna.
Quando o sol brilha nas manhãs de sábado e não há mais destino, norte ou oeste, não há mais segredos, nem degredos, nem red Bull pra se manter acordado, o gosto amargo que se espalha pela boca, sem carqueja nem mel, e desce p’ro peito e congela o corpo, fala de saudade de tempos de outrora, sem esperança de encontros ao acaso quando cair o ocaso.
Quando o sol brilha nas manhãs de sábado, as mãos trabalham bonecas e telas, pensamento distante, em manhãs tão brilhantes, quando o verde tear fez tanto sucesso imortalizado na tela guardada como tesouro.
Quando o sol brilha nas manhãs de sábado e os olhos estão perdidos no horizonte, sem lágrimas sem brilho, somente a certeza que a espera foi em vão, e que no peito ainda bate um coração, não mais com ilusão, tão certo que nada mais voltará.
Quando o sol brilha nas manhãs de sábado, sobra só a certeza que um pé na frente do outro se transforma em passo e que o lento caminhar deve continuar, mesmo que lá na frente não haja portas abertas, nem café fumegante, nem homem errante, no portão a esperar.
Quando o sol brilha nas manhãs de sábado, só resta saber que o dia seguinte vai chegar, e que é preciso sobreviver.
Marasmo
Vejo
mãos, pés e vento
o mar a arrebentar sem alento
o homem cair sem sustento
o nó da gravata
desfeito
o ar rarefeito
a mulher, sorrindo sem jeito
a luta sem efeito
os dias passando
um quarto sem leito
Tudo perfeito!
mãos, pés e vento
o mar a arrebentar sem alento
o homem cair sem sustento
o nó da gravata
desfeito
o ar rarefeito
a mulher, sorrindo sem jeito
a luta sem efeito
os dias passando
um quarto sem leito
Tudo perfeito!
Barriga Cheia
Desconectado
De costas
Andando
Na rua de uma só mão
Comprado ou vendido?
Vende-se – diz a placa
Não importa o ano
A cor, mas a motivação
O preço
As notas que vão p’ra mão
Não importa a razão
Importa o quinhão
Não importa o portão
Mas importa o porão
Importa o colchão
Não questione da lua, o clarão
Questione, no prato, o feijão
Esqueça a paixão
Vença o maior alforje
Vença quem paga mais
Vença quem põe a comida na boca
Mesmo que o garfo esteja torto
O prato encardido
E o ranço nas bordas
Importa que o prato esteja cheio
Então os olhos brilharão
E farão a escolha
Vendido ou comprado?
O que importa? Importa
Que se recoste
Que se farte
Que o brilho da chapa seja novo
Mesmo que a mão que alimenta
Não tenha viço
Não tenha requinte
Mas tenha metal
Tenha o vil metal
P’ra comprar
Então que seja
Comprado ou vendido?
De costas
Andando
Na rua de uma só mão
Comprado ou vendido?
Vende-se – diz a placa
Não importa o ano
A cor, mas a motivação
O preço
As notas que vão p’ra mão
Não importa a razão
Importa o quinhão
Não importa o portão
Mas importa o porão
Importa o colchão
Não questione da lua, o clarão
Questione, no prato, o feijão
Esqueça a paixão
Vença o maior alforje
Vença quem paga mais
Vença quem põe a comida na boca
Mesmo que o garfo esteja torto
O prato encardido
E o ranço nas bordas
Importa que o prato esteja cheio
Então os olhos brilharão
E farão a escolha
Vendido ou comprado?
O que importa? Importa
Que se recoste
Que se farte
Que o brilho da chapa seja novo
Mesmo que a mão que alimenta
Não tenha viço
Não tenha requinte
Mas tenha metal
Tenha o vil metal
P’ra comprar
Então que seja
Comprado ou vendido?
Liberdade
For Satyro
Pensamentos que são águas correntes,
fluem livremente ao sabor do vento,
passam por entre terras férteis,
desertos in-certos,
folhagens frondosas,
frutos: dóceis e venenosos,
e por vezes,
seguem em direção ao sol poente.
Nada,
nada como a fluidez do pensamento
que faz livre a alma da gente.
Pensamentos que são águas correntes,
fluem livremente ao sabor do vento,
passam por entre terras férteis,
desertos in-certos,
folhagens frondosas,
frutos: dóceis e venenosos,
e por vezes,
seguem em direção ao sol poente.
Nada,
nada como a fluidez do pensamento
que faz livre a alma da gente.
Teimosia
Tento
Em vão
Contar mentiras ao meu coração
Mera ilusão
Tento lhe dizer
Que tudo foi paixão
Que não há razão
Para sofrer
Ser
Rebelde
Não me ouve
Faz-se de surdo
Desentendido
Finge-se aborrecido
Olha para o lado
Apaga meus dizeres
Não busca novos prazeres
Parado
Estático
A esperar
Esperar que o sol se faça novamente
Que a lua seja crescente
Que o vento tanja o cabelo da gente
Que a primavera toque em nossa mente
E mostre que o amor somente
Pode existir aqui
Coração penitente
Da gente
Não crê no presente
Só olha lá na frente
Vendo o tempo passar
A amar
Quem não merece
Ter sequer, o brilho do luar
Em vão
Contar mentiras ao meu coração
Mera ilusão
Tento lhe dizer
Que tudo foi paixão
Que não há razão
Para sofrer
Ser
Rebelde
Não me ouve
Faz-se de surdo
Desentendido
Finge-se aborrecido
Olha para o lado
Apaga meus dizeres
Não busca novos prazeres
Parado
Estático
A esperar
Esperar que o sol se faça novamente
Que a lua seja crescente
Que o vento tanja o cabelo da gente
Que a primavera toque em nossa mente
E mostre que o amor somente
Pode existir aqui
Coração penitente
Da gente
Não crê no presente
Só olha lá na frente
Vendo o tempo passar
A amar
Quem não merece
Ter sequer, o brilho do luar
Posseiro
Tão bem sei
Caminhos desconexos
Fincou o pé na terra
Fez-se dono
Fez-se senhor
Retirou ervas daninhas
Plantou sua semente
E assim ficou
Fez-se a posse
Absoluto,
Trancou a porta
Foi-se embora
Recobriu o caminho de pedras
Tirou do mapa
Não há mais trilhas
Somente o vento pra contar histórias
Caminhos desconexos
Fincou o pé na terra
Fez-se dono
Fez-se senhor
Retirou ervas daninhas
Plantou sua semente
E assim ficou
Fez-se a posse
Absoluto,
Trancou a porta
Foi-se embora
Recobriu o caminho de pedras
Tirou do mapa
Não há mais trilhas
Somente o vento pra contar histórias
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