10/04/2018

Manhãs de Sábado


Quando o sol brilha nas manhãs de sábado, um não sei quê de falta, de ausência, de saudade tão forte bate no peito a adormecer. Um não sei quê de carros e queijos, de cafés tão fortes, de portões e beijos, de lembranças que não vão embora.


Quando o sol brilha nas manhãs de sábado, em tempos de bem-te-vi, de raios que entram pela janela, agora tão baixa, não mais nas alturas, não mais na serra, mas na mesma distância, sem a constância, sem quilômetros rodados, sem o brilho nas torres do castelo, vem uma saudade que se sabe, será eterna.


Quando o sol brilha nas manhãs de sábado e não há mais destino, norte ou oeste, não há mais segredos, nem degredos, nem red Bull pra se manter acordado, o gosto amargo que se espalha pela boca, sem carqueja nem mel, e desce p’ro peito e congela o corpo, fala de saudade de tempos de outrora, sem esperança de encontros ao acaso quando cair o ocaso.


Quando o sol brilha nas manhãs de sábado, as mãos trabalham bonecas e telas, pensamento distante, em manhãs tão brilhantes, quando o verde tear fez tanto sucesso imortalizado na tela guardada como tesouro.


Quando o sol brilha nas manhãs de sábado e os olhos estão perdidos no horizonte, sem lágrimas sem brilho, somente a certeza que a espera foi em vão, e que no peito ainda bate um coração, não mais com ilusão, tão certo que nada mais voltará.


Quando o sol brilha nas manhãs de sábado, sobra só a certeza que um pé na frente do outro se transforma em passo e que o lento caminhar deve continuar, mesmo que lá na frente não haja portas abertas, nem café fumegante, nem homem errante, no portão a esperar.


Quando o sol brilha nas manhãs de sábado, só resta saber que o dia seguinte vai chegar, e que é preciso sobreviver.

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